Wednesday, February 14, 2007

Suspensão Coloidal

Suspensão Coloidal
Penso no ser poeta, e andar disperso
na voz de quem a não tem;
no pouco que há de mim em cada verso,
no muito que há de tudo e de ninguém.

Anda o cego a tocar La Violotera,
e eu a vê-lo e a cegar;
e a pobre da mulher esfregando e pondo a cera,
e eu a vê-la, e a esfregar

Que riso perto, que aflição distante,
que infíma débil, breve coisa nada,
iça, ao fundo, esta draga carburante,
rasga, revolve e asfalta a subterrânea estrada?

Postulados e leis e lemas e teoremas,
tudo o que afirma e fura e diz sim,
teorias, doutrinas e sistemas,
tudo se escapa ao autor dos meus poemas. A ele, e a mim.

1 comment:

Jael said...

Considero que este Poema " António Gedeão" faz referencias á sua pessoa verdadeira(Rómulo de Carvalho)
Quem é que se lembraria de dar este nome a um poema??? Pois é ninguém, tinha mesmo que ser "António Gedeão"